14.11.08

Diretor de "Watchmen" diz que cedeu a pressões dos produtores

MARIANE MORISAWA
Colaboração para o UOL, de Londres


Divulgação
Cena de "Watchmen", adaptação de graphic novel clássica que chega aos cinemas em 2009
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A sala do Vue West End, em Londres, praticamente lotada indica o interesse despertado por "Watchmen", o filme dirigido por Zack Snyder (o mesmo de "300") e baseado em uma das graphic novels mais amadas de todos os tempos, escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. Foram exibidos cerca de 30 minutos de cenas do longa-metragem, que estréia somente em março do ano que vem, mas já deixa os fãs atiçados.

O jovem diretor de 42 anos apresentou a sessão com as cenas do filme contando sobre sua relação com a graphic novel. "Para quem não conhece, 'Watchmen' é simplesmente a história em quadrinhos que mudou o jeito como essa mídia é percebida", disse. "Quando eu li, fiquei embasbacado", contou. "Mas nunca pensei: Ah, acho que eu gostaria de transformá-la em filme".

Só que o convite veio. Snyder sabia que, se não aceitasse, os produtores tocariam o projeto de qualquer forma. "Achei que seria responsável se eles dessem o filme a alguém que não fosse fiel ao espírito da graphic novel, que seria minha culpa de qualquer forma se o longa não desse certo. Então pensei que seria melhor aceitar e, caso o filme não desse certo, a culpa seria minha de verdade".

"Watchmen" se passa em 1985, durante a Guerra Fria, e mostra um grupo de aventureiros mascarados, ou vigilantes mascarados, cheios de conflitos morais e problemas psicológicos. Dr. Manhattan (no filme vivido por Billy Crudup) é o único realmente a ter superpoderes, depois de um acidente no laboratório onde trabalhava. "Acontece o tempo todo nas histórias em quadrinhos", brincou Snyder. "Há uma boa chance de acontecer, se você trabalha com ciência e tecnologia. Eles deveriam falar isso para as crianças!".

Foram exibidas três seqüências do filme: a inicial, uma em que o Dr. Manhattan está em Marte e uma de luta com Coruja e Espectral. Após a exibição das cenas, Snyder respondeu a perguntas dos jornalistas, ao lado de Dave Gibbons. Uma das questões foi justamente sobre a não participação de Alan Moore no filme, pois o autor recusa-se a ter qualquer coisa a ver com as produções cinematográficas baseadas em obras suas.

"Quando eu me envolvi no projeto, ele já tinha pedido para que seu nome não constasse nos créditos. Para mim foi triste, porque sou um grande fã, mas entendo e não quis incomodá-lo", disse Snyder. Dave Gibbons explicou a posição de Moore: "Ele teve experiências muito ruins com o cinema e decidiu não participar mais. Eu o admiro por isso, mas também lamento porque estou tendo uma experiência ótima", afirmou ele, que acompanhou o processo de perto.

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Zack Snyder contou que houve pressões dos produtores para que o filme pudesse passar na classificação PG 13. "Eu disse a eles que seria um problema para mim, porque há essas cenas de sexo e de violência. Como '300' tinha acabado de sair, eles falaram: OK.". O diretor disse que não queria ter de "borrar" as cenas em que Dr. Manhattan aparece nu, por exemplo. "Mas foi uma relação em que ambos os lados tiveram de ceder. Não quero ser um idiota e dizer que este é meu filme de arte, que não me importo com o público. Quero que muitas pessoas assistam e tenham essa experiência", afirmou. "Acho que o público quer uma razão para ir ao cinema, deseja ver algo novo. Espero que 'Watchmen' lhes dê isso", completou.

Snyder sabe filmar ação

Goste-se ou não de "300", não dá para negar que o diretor Zack Snyder é, no mínimo, habilidoso com as imagens, especialmente com as cenas de ação. Confirmam essa percepção os 30 minutos de "Watchmen" exibidos em Londres (no momento, o filme está com duas horas e meia de duração e provavelmente haverá uma versão longa, de até três horas e meia, em DVD).

A cena de abertura é uma luta não só bem coreografada como bem filmada. Não há aquela câmera balançando, aqueles golpes que você não sabe de onde vieram - nem para onde foram. Tudo é milimétrico. Logo depois do assassinato de um dos vigilantes, que desencadeia a trama, vêm os créditos, contando o passado dos personagens e os mesclando com a história dos Estados Unidos. A câmera passeia por cenas da Guerra do Vietnã ao assassinato de John Kennedy, passando pelo Studio 54 e por Andy Warhol. Impossível perceber tudo de uma só vez, de tantos detalhes que cada trecho tem. É uma abertura forte.

Na segunda seqüência, desiludido com a humanidade, Dr. Manhattan vai para Marte e começa a recontar sua própria história, avaliando o acidente que o transformou num ser sobre-humano e, com ironia, seu uso pelo governo norte-americano. Graças ao personagem, por exemplo, os Estados Unidos ganharam a Guerra do Vietnã, prolongando o governo de Richard Nixon. Por último, foi apresentada uma seqüência em que Coruja e Espectral invadem uma prisão, derrubando um a um os prisioneiros.

Claro que "Watchmen" não é um material simples, para quem gosta dos super-heróis normais. Mas, pelas cenas apresentadas, tem energia e ação de sobra para ser mais um sucesso de bilheteria.

Fonte: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2008/11/14/ult4332u915.jhtm

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