Mesmo com todos os riscos que pode causar, o cigarro ainda faz a cabeça de alguns adolescentes
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Banido dos cinemas, programas de TV, locais públicos e até mesmo das baladas. Não existe mais alguém alheio aos males do tabagismo. Mas apesar dos estudos comprovados (e mais do que divulgados), ainda existem vários jovens que preferem não abrir mão das tragadas com os amigos, mesmo sabendo dos riscos de câncer, doenças cardíacas e problemas pulmonares.
Primeiras baforadas
Segundo o último levantamento realizado pela World Health Organization (WHO), o percentual de fumantes atinge 12% entre os adolescentes menores de 17 anos. Na faixa entre 17 e 19 anos, o número é ainda maior, englobando 26% dos jovens.
A estudante Denise Bregantino, 25, começou ainda mais cedo. Aos nove anos, deu o primeiro trago, por pura diversão. "Estava com uma amiga minha e era um dia muito frio. Achávamos que ia nos esquentar. Foi horrível. O gosto era péssimo e tossimos muito ", relembra. Mas experiência desagradável não foi o suficiente para a manter a estudante longe do tabaco, que voltou a fumar aos 12 anos, dessa vez, influenciada pelo grupo de amigas. "Ia para uma casa abandonada, perto da minha escola. Mas só aos 14 assumi para todos que eu era fumante, tinha uma certa vergonha".
Já Luciano Tamboré, 22, não teve vergonha nenhuma de seus primeiros tragos. O estudante de administração comprova um comportamento geral dos meninos, que ao contrário das garotas, gostam de exibir o hábito. "Comecei a fumar com 12 anos, na minha escola. Fui um dos primeiros a fazer isso. Era tido como o bad boy da minha classe.Achava que as meninas adoravam ", conta Luciano, que continua fumando até hoje.
Freud explica
Casos como o de Luciano são explicados pela rebeldia e espírito contestador, característicos dos jovens. Segundo o psicólogo Jô Furlan, no caso dos garotos, o cigarro serve como um símbolo de status, uma forma de se posicionar melhor na sociedade,. "Eles querem evidência social, é uma fase de posicionamento e auto-afirmação. Um jovem consegue chamar mais atenção fazendo a coisa errada do que a coisa certa".
No caso das garotas, Furlan observa uma relação com o cigarro mais ligada à experimentação, no sentido da vontade se sentirem maduras e vivenciarem novas experiências. "As meninas também entram em contato como forma de desafiar autoridades. Mas para elas, o cigarro costuma ter mais a ver com uma forma de buscar aventuras, mesmo que de maneira errada. Meninas que começam a fumar estão em busca de coisas novas", completa o psicólogo.
Muleta social
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Talvez por isso muitos adolescentes com dificuldades de se enturmar comecem a fumar, como conta Fábio Azevedo, de 17 anos. "Já tentei fumar, mas a primeira vez que coloquei um cigarro na boca tive uma crise de asma muito forte. Sou tímido e achava que todos os meus amigos que fumavam tinham mais facilidade de fazer amigos. Estavam sempre cercados de pessoas", desabafa.
Mesmo sofrendo a pressão dos amigos, Fabio desistiu do vício. "Sabia que não iria fazer bem para minha saúde, que era quase um suicídio. Achei outras maneiras de vencer a minha timidez. Sem contar que as meninas dizem que o meu beijo não tem mais gosto de cinzeiro", completa o estudante.
Mas ao contrário de Fabio, não são todos que conseguem parar tão fácil. No caso de Denise, foram 12 anos até coneguir se livrar do vício. Apesar de difícil, ela conta como valeu a pena o esforço para apagar o cigarro de vez da sua vida. "Não é fácil parar de fumar do dia para noite, as vezes quando saio para tomar uma cerveja ainda sinto falta do cigarro. Mas voltar a respirar bem e ter fôlego para fazer as coisas compensa a falta da nicotina. O cigarro é um agente social, mas nada como ter a saúde em perfeito estado".
Fonte: http://yahoo.guiadasemana.com.br/yahoo/noticias.asp?ID=16&cd_news=48686&cd_city=1