Perdido sem Você

Sinto-me perdido no tempo,
No momento, no amor, na dor... na vida.
O que ficou entre nós, o tempo não apagou.
Doi por dentro e por fora as feridas,
Que essa dor fez em você e em mim...

Sinto que nos perdemos nos desencontros,
Nos desencantos que a vida nos pregou.
No acasos do acaso, por qual passamos.
Nas horas em que queria que o tempo
Não passasse mas, passou...

Sinto-me perdido, num mundo sem fim.
Na flor que se abre, no vento que sopra.
Na tarde que chega, no sol que se vai.
Na vida que passa, na dor que teima em não passar...

Sinto-me perdido, à procura do meu eu,
Tentando encontrar vestígios do que fui.
Vestindo-me de coragem e esperança.
tentando acalmar a dor que aperta meu peito...

Sigo em frente, catando aqui, acolá os pedaços.
Juntando um à um os meus pedaços.
Tentando encaixar todos os lados.
Formando assim um quebra-cabeça,
Com as peças da minha vida com você!

Sigo em frente, mas me vejo sozinho,
cansado, me vendo perdido na estrada deserta,
Onde tento decifrar,
Cada parte de mim.
Nesse quebra cabeça,
Com tantos pedaçinhos...
Que aos poucos vou juntando,
Viajo pelo tempo,
Ao som da sua voz...

Sigo em frente, Sonhando com tantos reencontros...
Rostos indecifráveis,
Surgem em meio essa névoa,
Mas de todos eles,
Vejo esse sorriso imenso,
Que ainda me atrai e que tanto mexe comigo.
E me busca com tanta força,
Como se fosse,
A maior parte do meu ser.
E sem você,
Sempre ficará em branco,
Uma página da minha vida.

Robson Freire

Meu espelho é você

O Retrato de Dorian Gray

Pra AnaBee

Olho para o espelho e não encontro um rosto, o seu
O que vejo não é o reflexo do que conheço
Os reflexos que me deram
A imagem do que eu quero ser

O espelho é uma porta aberta para um futuro ausente
Sem presente
Não esperava que um espelho fosse
Um pensamento que pudesse estilhaçar dentro de mim
É muito mais que eu consigo suportar

É horroroso sentir que não posso passar um dia sem você
Sei que entende o que eu sinto
Como se fosses uma loba que prende um humano
À entrada da sua toca
Para guardar e aprisionar os corações dos homens

Quando nos decidimos nos despir do único manto
Que resguardava a história de um amor único
Que veio a acontecer
No maior dos segredos
Apenas partilhada com imenso prazer

Com a cumplicidade dos pássaros dos jardins
Que nos imitavam
E propalavam alegremente
Em deslumbrantes gorjeios…
Os nossos sons

No escuro
Sua face ilumina a escuridão do quarto
Pelos eriçados
No meio da noite
Dois corpos exaustos e ainda termendo de prazer
Se rendem aos beijos como única forma de comunicação

Carrego no corpo as marcas desse amor
que sangram sem parar
quando não tenho você comigo.

Quando falo das minhas ruínas
que os seus olhos não viram
daquelas magoas
que a propósito fizeram a construção
do meu mundo
do que restou dele
dos perigos que permearam a minha vida
que é muito
que é imenso

mas não basta
quando falo dessas coisas
de fatos e mais
de ausências cruciais
inexistências
como quando falo de aparências
sem alegria

como se a poesia fosse o que falta
à fantasia
como se a fantasia fosse um estaleiro
da alma
que avisto da janela da vida
como a janela da prisão perpétua.

Preciso ser feliz no amor
Não tê-lo me dói
Mesmo não podendo ter esse amor
É bom pensar que ainda assim
Eu pude vê-lo e senti-lo
Pulsando
Vibrante
Dentro de mim
Alguma vez na vida

Sofri
Mas valeu a pena
Pelos desejos imensos
Que aprendi, com você
A não mais deixar de saciar ou silenciar
Pelos beijos
Que eu quero te dar.


Robson Freire