Todos nós desejamos viver num mundo melhor, mais pacífico, fraterno e ecológico. O problema é que as pessoas sempre esperam que esse mundo melhor comece com o outro. É comum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as convida para nada, não se organizam, então, não podem contribuir como gostariam para um mutirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam achando mais fácil reclamar que ninguém faz nada, ou que a culpa é do “sistema”, dos governantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe.
Por outro lado, é importante não ficar esperando a perfeição individual - pois isso é inatingível. O fato de adquirirmos consciência ambiental não nos torna perfeitos, o importante é que tenhamos o compromisso de sermos melhores a cada dia, procurando sempre nos superarmos. Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em defesa da natureza às mudanças nas estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas interligadas e simultâneas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tornar-se incapaz de sustentar a vida humana com qualidade.
As questões ambientais estão inter-relacionadas também à questão da identidade cultural de uma comunidade. Ao migrar das cidades do interior para os grandes centros urbanos, além de todos os problemas resultantes do crescimento das cidades, as pessoas perdem muito de sua identidade cultural, sua memória. Se no interior, apesar das dificuldades, as pessoas tinham nome e sobrenome, eram conhecidas, nas cidades estão isoladas, como se fosse num mar enorme de gente por todos os lados, mas gente desconhecida.
Terra, planeta água
Trabalho muito com meus alunos a letra da música Planeta água, de Guilherme Arantes, conscientizando-os do problema da água e o que cada um pode fazer para que ela não falte. Os alunos trazem notícias, gravuras, textos, poemas e qualquer outro material que fale não só da água, mas do meio ambiente em geral. Mas foco muito no tema ÁGUA. E eles produzem ótimos trabalhos que são colocados em vários locais da escola.
Passo também vídeos para eles como: "Campanha Água Viva" que é uma série de dez curtíssimos vídeos sobre a urgência da preservação da água doce no planeta. A busca de soluções para o problema é apresentada como uma questão de sobrevivência da humanidade. É uma tentativa de conscientizar a população - crianças e adultos - sobre a necessidade de se lutar contra a privatização das companhias de águas. O documentário defende a idéia de que a privatização dos serviços públicos de distribuição e controle da água interessa a poucos. A população, em geral, perde direitos essenciais aos seres humanos. Os vídeos têm um claro objetivo educativo: alertar para o desperdício da água e para as doenças que a falta de saneamento carrega. Seu lema, repetido no fim de cada spot, é: "defender a água é defender a vida". É bem frisada a idéia de que a água é um recurso natural e público. Estes vídeos, por serem curtos e abrangentes, são bons para trabalhar a importância da preservação da água e também a privatização desta como um importante debate da atualidade.
A educação ambiental na escola
A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social, ela deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico.
É desejável que a comunidade escolar possa refletir conjuntamente sobre o trabalho com o meio ambiente, sobre os objetivos que se pretende atingir, sobre as formas de conseguir isso, esclarecendo o papel de cada um nessa tarefa. O convívio escolar é decisivo na aprendizagem de valores sociais e o ambiente escolar é o espaço de atualização mais imediato para os alunos. A educação ambiental ressalta as regularidades, e busca manter o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas do planeta Terra. O dever de reconhecer as semelhanças globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades locais, é resumido no seguinte lema: “pensar globalmente, agir localmente”.
A chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentável não é centrado na produção, e sim nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele ocorre.
Atualmente a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, buscando um equilíbrio entre o homem e o meio ambiente, visando a construção de um futuro pensado e vivido numa lógica de progresso e desenvolvimento, por isso é preciso uma mudança no comportamento do ser humano em relação ao meio ambiente. A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Com essa diretriz, os sistemas de ensino têm obrigação legal de promover oficialmente a pratica de Educação Ambiental (MEC, 2001, p. 15).
Dez Mandamentos do “Amigo do Planeta”
1 - Só jogue lixo no lugar certo
É horrível quando a gente vê alguém jogando lixo no chão. As ruas, praças e qualquer logradouro público não são terra de ninguém, mas pertencem a todos. Você não jogaria lixo na casa de alguém, jogaria? Pois é, a rua pertence a todos, tem muitos donos. O lixo espalhado, além de atrair ratos, moscas, mosquitos, cria um aspecto horrível de poluição em sua cidade. E, depois, custa muito dinheiro de impostos para limpar, dinheiro que podia estar sendo usado para outras obras. Um Amigo do Planeta só joga seu lixo nos locais apropriados, ou guarda no bolso e traz para colocar na lixeira da própria casa.
2 - Poupe água e energia
A água que você usa não sai da parede. Ela vem de algum rio ou manancial. Os rios estão sendo agredidos pela poluição e pelo desmatamento, o que torna a água potável cada vez menos disponível, o que eleva o custo de seu tratamento. Quanto à energia, existe a elétrica ou então a de fontes como gás, petróleo, lenha e carvão. Elas vão escassear cada vez mais e algumas não são renováveis, como o petróleo, por exemplo.
3- Não desperdice
Evite consumir além do necessário. Adquira o indispensável em alimentos, objetos, roupas, brinquedos, etc. As lojas e supermercados estão cheios de inutilidades que só fazem gastar mais e mais recursos naturais na fabricação. Reflita antes de comprar. Rejeite produtos descartáveis, como copos, garrafas, etc. Além de poluírem e aumentarem o volume de lixo, também apressam o esgotamento dos recursos naturais. Reutilize as sacolas de compra. Prefira alimentos naturais, evitando enlatados, empacotados e refrigerantes. Os alimentos industrializados, além de mais caros, podem causar alergias e outros males e, às vezes, nem têm grandes funções nutritivas.
4 - Proteja os animais e as plantas
Cada animal ou planta é um ser vivo como você e tem tanto direito à vida, à liberdade e ao bem estar quanto nós. Embora você não perceba, sua vida está interligada com a de todos os outros seres. É essa interligação que forma a "teia da vida" que garante a sobrevivência de todos. Por ter perdido esta noção, nossa espécie vem causando tanto prejuízo e poluição à natureza, com conseqüências cada vez mais graves para a nossa qualidade de vida. Os seres humanos são os únicos com capacidade de modificar em profundidade seu meio ambiente. Nós temos usado essa capacidade para piorar as coisas. Agora precisamos fazer o contrário, para nossa própria sobrevivência.
5 - Proteja as árvores
Para fabricar papel é preciso cortar árvores, logo, poupar papel é uma forma de defender as árvores. Utilize os dois lados da folha de papel. Leve sua sacola de compras ao supermercado. Faça coleta seletiva em sua casa. Recicle o papel, fabricando novo papel a partir do papel usado. A outra forma de ajudar é defendendo as árvores existentes e plantando novas árvores. Adote uma árvore. Cuide dela com carinho e respeito.
6 - Evite Poluir seu meio ambiente
Verifique seu automóvel e cuide bem dele, pois ele provoca poluição do ar quando desregulado. Acostume-se a ouvir música sem aumentar muito o volume do som. Som alto provoca poluição sonora. Enfim, reveja seu dia-a-dia e tome as atitudes ecológicas que julgar mais corretas e adequadas para você. Não espere que alguém venha fazer isso por você. Faça você mesmo.
7 - Faça coleta seletiva do lixo
É fácil separar o lixo seco (inorgânico: papel, plástico, metal, vidro) do lixo molhado (orgânico: restos de comida, cascas de frutas etc.). Você estará contribuindo para poupar os recursos naturais, aumentar a vida útil dos depósitos públicos de lixo, diminuir a poluição. É só ter duas vasilhas diferentes ao lado da pia da cozinha e um lugar para depositar o lixo seco até alcançar um volume que permita sua venda ou doação - e boa vontade.
8 - Só use biodegradáveis
Existem certos produtos de limpeza que não se degradam na natureza, como sabões e detergentes. Procure certificar-se, ao comprar estes produtos, de que são biodegradáveis. Evite o uso de venenos e inseticidas. Uma casa limpa é suficiente para afastar insetos e ratos. Os inseticidas são altamente nocivos para o meio ambiente e para a saúde das pessoas.
9 - Conheça mais a natureza
Estude e leia mais sobre a natureza, mesmo que não seja tarefa da escola. Tenha em casa livros, revistas que falem sobre a natureza. Faça um álbum de recortes com figuras de animais e plantas. Procure no dicionário palavras como saúde do trabalhador, reciclagem, reaproveitamento, habitat, biodegradáveis, etc. Quanto mais você souber, melhor poderá agir em defesa da natureza.
10 - Participe dessa luta
Não adianta você ficar só estudando e conhecendo mais sobre a natureza. É preciso combinar estudo e reflexão com ação. Você pode agir sozinho, procurando políticos ou a imprensa, por exemplo, para denunciar ou protestar contra os abusos, poluições, depredações. Também pode agir em grupo. Crie um Clube de amigos do planeta em sua escola. Quando estamos unidos, somos mais fortes e capazes de encontrar soluções para enfrentar os problemas ambientais.
Os mandamentos na sala de aula
Aproveitando estes mandamentos fiz também com os alunos a seguinte atividade: dividi a turma em grupos e cada grupo recebeu um mandamento. Leram e fizeram os comentários por escrito e muitos até ilustraram o trabalho desenhando ou mesmo fazendo colagem com jornais ou revistas que levei para a sala de aula. Feito isto cada grupo leu suas produções de texto para que todos ficassem cientes dos dez mandamentos ora apresentados. Surgiram novas idéias que complementaram as idéias dos grupos. E, no final desta etapa, eles criaram uma faixa com vários corações e dentro dos corações tinha um pensamento de cada grupo sobre seus deveres para com o meio ambiente.
Os alunos colaram os trabalhos no mural da sala. Em outra aula a turma mesma criou seus mandamentos para o nosso Planeta. O trabalho foi bem dinâmico. As idéias foram surgindo, surgindo e cada qual querendo participar mais, escrevendo mais itens em seus trabalhos. Coloquei a música Planeta Água, do Guilherme Arantes, como fundo musical. Tenho certeza que alguma coisa consegui plantar no coração deles. E assim vou tentando resgatar o espírito de cidadania em cada criança, em cada jovem que estou orientando nesta jornada, para que eles tenham mais amor e carinho com o meio ambiente que tanto depende de nós, que é nossa vida...
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