28.11.08

Eu sou terrível

Conheça as histórias de quem já foi (ou teve que aturar) uma ovelha negra na família

Fotos: Getty Image


"Ele já bateu o carro, destruiu uma geladeira e repetiu de ano". Quem fala é Dulce Varga, mãe de três filhos e cheia de histórias escabrosas sobre o primogênito Daniel, que acabou virando a ovelha negra da família com apenas 12 anos, após a mudança do pai para outra cidade. Casos como o deste bad-boy não são isolados. Já viraram até um clichê, que deu origem ao termo, utilizado para classificar alguém que se encontra fora dos padrões sociais e familiares.

Rebanho trabalhoso

Segundo a psicóloga Cristina Godoy, adolescentes com essas características, na maioria das vezes, foram moldados assim pelos próprios parentes, tomando atitudes radicais para chamar a atenção da família. "O ovelha negra não é exatamente um mal elemento, mas sim alguém que aprendeu estratégias, ainda que negativas, para ser o centro das atenções".

Quem faz parte desse "rebanho" tem algumas características típicas. Rebeldia, comportamentos constrangedores, roupas diferentes, agressividade gratuita e o que mais fizer os pais arrancarem os cabelos. Tudo para conquistar um lugar de destaque no grupo social (escola, esporte, amigos) ou no convívio familiar.

"Meu filho fazia tudo para me deixar nervosa. Se vestia de maneira esdrúxula, colocava piercing, brigava na escola e até começou a fumar. Tudo isso no intervalo de um ano. A gente brigava demais, estávamos chegando a um ponto insustentável. Foi aí que resolvi levá-lo ao psicólogo e descobri que a causa disso tudo tinha sido o meu divórcio", explica Neusa Morais, mãe do adolescente Mateus de 17 anos.

Fala ovelha!

Mas como será que os bad-boys das famílias enxergam suas histórias caóticas? Mateus, filho de Neusa, relembra sua fase de "Dolly negra", como atitudes inteiramente compreensíveis. "Meus pais estavam se divorciando e eu não podia fazer nada. Estava com raiva, me sentindo excluído. Fazer essas coisas foi uma maneira de tentar manter os meus pais juntos".

Já para Daniel, o destruidor de geladeiras, hoje com 27 anos, suas ações tinham relação com uma afirmação de liberdade individual e vontade de quebrar as regras, natural dos adolescentes. "Nunca gostei de regras, meu irmãos não eram santos, mas reconheço que eu extrapolava. Tenho certeza que isso foi bom pra eles. Acabei abrindo portas para que eles tivessem mais liberdade, já que fui tão revolucionário na minha adolescência".

Lições de pastoreio

É importante ressaltar que ter uma ovelha negra na família não é o fim do mundo. É uma situação normal no convívio familiar, que requer apenas habilidade para lidar com a espécie. Por isso, é importante sempre estar atento na hora de reconhecer os atos dos filhos, como explica Cristina. "Os pais devem prestar atenção como seus filhos chamam sua atenção. Crianças que fazem isso com um desenho ou uma lição, continuarão agindo assim se forem reconhecidas. Caso a criança só seja notada quando bate no irmão, por exemplo, manterá esse comportamento. Verifique em quais momentos seu filho conquista realmente seu tempo e dedicação".

A psicóloga ainda destaca a necessidade de fugir de rótulos, sob o risco de criar um estigma que perseguirá o jovem durante toda sua vida. "Se elegemos um portador de todas as dificuldades da família, essa pessoa ficará presa a isso e dificilmente terá chances de mudar, ainda que queira buscar ajuda profissional. Acredito que com carinho, esse bad boy tende a amolecer e ver que consegue atingir seus objetivos de uma maneira que não gere conseqüências negativas".

Fonte: http://yahoo.guiadasemana.com.br/yahoo/noticias.asp?ID=16&cd_news=46697&cd_city=1

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